quarta-feira, 3 de julho de 2013
Os pré-socráticos: a Escola de Mileto
terça-feira, 2 de julho de 2013
Da Pólis ao Pensamento Racional
A pólis grega foi um microcosmo ordenado, em cujo momento de máximo esplendor se produziu a passagem do mito à razão.
O nascimento do pensamento racional
Surge na Grécia uma nova organização social, conhecida como pólis. A pólis, com novas condições de vida, torna necessária uma nova forma de explicar as coisas. A nova organização social, decorrente do surgimento da pólis, não se contenta com a explicação do mundo nem com a explicação da realidade por meio dos deuses.
Mas o que é a Pólis?
Precisamos entender melhor a pólis para sermos capazes de também entender a mudança de pensamento que ocorreu na Grécia e provocou a ruptura com o mito.
A Pólis está intimamente ligada ao aparecimento do pensamento racional, talvez, seja a mais essencial instituição da Antiguidade grega. Para falar bonito, podemos dizer que “a pólis grega foi um microcosmo ordenado, em cujo momento de máximo esplendor se produziu a passagem do mito à razão”.
A pólis, ou cidade-estado, é um agrupamento humano (ou uma cidadela), composto de um número limitado de habitantes, onde, embora tenha passado por várias formas políticas, se destacou pela forma mais peculiar da política, a democracia.
Quer dizer que a Grécia se estruturou através de várias pequenas cidades, chamadas cidades-estado, ou pólis, onde, devido à democracia, passou a ser governada por uma assembleia popular da qual todos os cidadãos faziam parte. A cidade-estado criou uma organização política e social em que a argumentação, o debate e a discussão pública desempenham um papel fundamental. Essa participação nos debates públicos, essa participação ativa na vida política da cidade forçou a busca de uma resposta mais racional para o mundo. Assim, por isso é que se afirma que o surgimento do pensamento racional só se torna possível com o surgimento da pólis.
Pensamento mítico: Homero e Hesíodo
Caos é aquela confusão de elementos que se supõe (mitologicamente falando) ter existido antes da criação do mundo, sobre o qual se assenta o próprio nascimento do mundo.
O Mito na Grécia
Como já vimos, a passagem do conhecimento mítico ao pensamento racional ocidental ocorreu na Grécia e, para compreender melhor como se deu essa passagem é preciso compreender duas grandes manifestações do pensamento mítico grego: em primeiro lugar, a obra de Homero; e em segundo lugar a obra de Hesíodo.
As obras de Homero e Hesíodo são duas expressões que, apesar de suas diferenças, pertencem ao mundo mítico que antecede ao nascimento da razão grega. Significa dizer que as obras de Homero e Hesíodo são as duas grandes manifestações do mundo mítico grego antes da passagem para a fase do pensamento racional.
Homero e Hesíodo
A obra de Homero, do século X a. C, tem como característica a apresentação de um Universo governado por deuses, forças iluminadas e ao mesmo tempo obscuras; deuses que criaram o mundo e controlam o destino dos humanos. Trata-se de um Universo sobre-humano que será depois dissolvido com o surgimento do pensamento racional – nascimento da filosofia.
A obra de Hesíodo, dois séculos depois, datada do século VIII a. C, tem como objetivo narrar ou contar a história do mundo. Trata-se de uma Cosmogonia. Por que uma cosmogonia?
A obra de Hesíodo é uma cosmogonia ou se enquadra no ciclo das cosmogonias míticas porque conta a história da criação do mundo, ou seja, cosmogonia é a história da criação do mundo (o que Hesíodo tenta contar).
Para Hesíodo, então, no começo só existia o Caos.
O que é o Caos?
No vernáculo, ou seja, no nosso português atual, caos é o estado de absoluta confusão. Caos é aquela confusão de elementos que se supõe (mitologicamente falando) ter existido antes da criação do mundo, sobre o qual se assenta o próprio nascimento do mundo.
Para Hesíodo, o Caos é simplesmente extensão ou a pura extensão, sem consistência orgânica sobre o qual se assenta a Terra. Para Hesíodo o Caos é a “base segura de tudo que é”. Dito de um modo simples, antes de qualquer outra coisa, para Hesíodo, só existia o Caos, do qual tudo se originou.
Diferença entre Homero e Hesíodo
Reparamos, então, que entre Homero e Hesíodo já existe uma diferença significativa: Homero justifica a existência do Universo conforme a vontade, ainda que arbitrária, dos deuses; já Hesíodo, tenta explicar a origem do mundo a partir do nada, ou dito de modo filosófico, a partir do Caos.
Mas Hesíodo também não foge da Teogonia (explicação mítica do nascimento dos deuses e origem do mundo). Precisamos entender que sua obra também pertence ao mundo mítico. Para ele, embora o Caos significa o vazio original do universo, é também a mais antiga das divindades, o pai de Tártaro, Gaia e Eros.
Só para saber: Tártaro é o lugar mais profundo dos infernos, abismo onde Zeus aprisionou os Titãs rebeldes; Gaia é a personificação da Terra como deusa; e Eros, na Teogonia de Hesíodo, é o deus do amor e do desejo, aquele que faz passar do Caos ao Cosmos, ou seja, do vazio arbitrário ao mundo organizado.
Características do mito
Precisamos entender que o mito é uma forma de compreender o mundo, é um modo de explicar a realidade e a origem do mundo. O mito busca explicar as causas do mundo por meio de heróis e forças naturais; o mito pressupõe um início vazio, arbitrário, imprevisível e incompreensível ao homem; o mito tem elementos que estão além do entendimento pela razão humana. Estas são as principais características que diferenciam o mito do pensamento racional; que diferenciam o mito dos primórdios da filosofia.
Cf: O início do pensamento filosófico: o mito
segunda-feira, 1 de julho de 2013
O início do pensamento filosófico: o mito
(antes, um parênteses: depois de algum tempo sem escrever Direito, Filosofia e Literatura, deparei-me com algumas notas “filosóficas”– num velho caderno- do tempo em que minha esposa começava a faculdade e eu me esforçava para que seu desempenho na disciplina introdutória à filosofia não fosse abaixo da média esperada. Assim, reinicio com alguns “posts” introdutórios sobre a filosofia grega (do mito à razão) – talvez sem nenhuma novidade para os iniciados, mas creio de alguma ajuda para os neófitos que começam)
Tudo aquilo que escapa a nosso conhecimento racional e que luta por encontrar uma explicação se enquadra nas formas do pensamento mítico. O sonho, a fantasia e o vasto mundo do desejo que mora no interior das pessoas se orientam com frequência por formas não racionais.
Do Mito à Razão: o que é o mito?
A história do pensamento ocidental, isto é, a história da Filosofia do mundo ocidental, começa a partir do momento em o homem consegue diferenciar claramente duas formas de acesso ao conhecimento.
Em primeiro lugar, o MITO, que se manteve com base na imaginação: o homem começou a questionar o mundo e criou respostas (para compreendê-lo) baseadas na imaginação, no que parece ser (por isso esse período é chamado de mundo mítico); em segunda lugar, a EXPLICAÇÃO RACIONAL das coisas, por meio do uso da razão.
Como se dá essa passagem, do mito à razão?
Antes, precisamos alertar que o uso da razão não pode ser separado da linguagem (que se manifesta mediante conceitos) e está profundamente ligado à experiência que se tem das coisas. Quer dizer, por meio da razão e da experiência o homem obteve uma necessária abertura mental e, então, nasceu o pensamento filosófico e científico (a racionalidade).
Tudo começou na Grécia...
Nos inícios do século VI a. C. ocorreu uma revolução intelectual que marcou a passagem do conhecimento mítico ao conhecimento racional, nas colônias gregas localizadas na Jônia e na costa da Anatólia (em cidades como Mileto e Éfeso), mas que pouco depois se expandiu a outros territórios também colonizados pelos gregos, até chegar em Atenas.
Mas o que é o Mito?
De modo simplificado, mito é uma estória tradicional (estória escrita com “E”) usada para explicar algum fenômeno da natureza, a origem do homem ou costumes de um povo, por intermédio de feitos e façanhas de deuses, semideuses ou heróis. Por isso é um fato imaginário, uma ficção.
De maneira filosófica, podemos responder que o mito é a primeira tentativa da humanidade de interpretar os mistérios do universo. Ele tem a forma de uma narrativa e se refere sempre a uma criação, ou seja, conta o modo ou a forma como alguma coisa começou a existir. Seus personagens são seres sobrenaturais, com poder muito superior ao do homem.
Qual a importância do Mito?
O mito é a primeira tentativa de explicar o que o homem não conseguia compreender. O que se explica no mito ocorreu em um tempo não humano ou, poderíamos dizer, em um tempo pré-humano. É a estória ou o relato da criação do mundo (quando não existia ainda a humanidade), mas que permite compreender o humano e o mundo presente, e fornece ao homem uma referência de atuação nesse mundo e um certo domínio sobre ele.
Como diz a Filosofia, “tudo aquilo que escapa a nosso conhecimento racional e que luta por encontrar uma explicação se enquadra nas formas do pensamento mítico. O sonho, a fantasia e o vasto mundo do desejo que mora no interior das pessoas se orientam com frequência por formas não racionais”, ou seja, formas míticas.