quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os pré-socráticos: a Escola de Mileto

A escola de Mileto
Mileto foi uma antiga cidade jônica de Anatólia, sede da escola filosófica jônica. A escola de Mileto ou escola jônica, foi o nome dado à corrente filosófica surgida no século VI a. C, por filósofos que pertenciam àquela localidade, à região de Mileto. Esse filósofos, pela ordem cronológica, do mais antigo ao mais novo, são: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Os filósofos da escola de Mileto (ou os milésios) têm como ponto inicial a mudança. Notam, pois, que na natureza tudo mudo, ou seja, as coisas nascem, crescem, se decompõe e morrem. Observando essa mudança constante nas coisas da natureza, o que se chama de devir das coisas, tentam encontrar um princípio, um elemento inicial, primário, que permanece para além dessa mudança, desse devir das coisas, do seu nascimento e morte.
Chamam então esse princípio primário, esse elemento inicial que permanece para além do devir, de princípio de arké.
O que significa arké?
Arké é para a escola de Mileto o princípio de tudo o que existe, a origem a partir do qual todos os seres do universo são criados. Dito de modo filosófico, arké “é um princípio material que dá unidade a toda a diversidade com que a realidade se apresenta, o princípio que subjaz a tudo e o torna compreensível”.
Podemos dizer o seguinte: as coisas nascem, crescem e morrem, num constante devir, numa constante mudança sem cessar; assim, os milésios, ou os filósofos da escola de Mileto, buscam um arké para a origem dessa constante mudança, ou seja, buscam um princípio único para todas as coisas. O importante é destacar a busca de um princípio de todas as coisas (que começa com Tales), porque com ela se inicia a história da filosofia.
Tales de Mileto (625? - 546 a.C)
Para Tales de Mileto o arké, esse princípio único, a causa de todas as coisas é a água. Tales ostenta a condição de primeiro filósofo porque diante da experiência da multiplicidade e mudança das coisas, ele busca um princípio de identidade que as unifique e, ao mesmo tempo, seja a causa de tudo o que existe, um princípio natural plenamente compreensível ou, como diriam os filósofos, plenamente inteligível para a razão.
Anaximandro (611-547 a.C)
Para Anaximandro, o princípio de todas as coisas não pode ser a água, porque tem uma qualidade certa (o úmido) e que nunca poderá originar a qualidade contrária, por exemplo, o seco. Para Anaximandro, o arké não pode ser algo determinado, para ele, o arké deve ser algo indeterminado, indefinido, ilimitado.
Anaxímenes (585 - 528 a.C)
Finalmente, Anaxímenes (que provavelmente conheceu o pensamento de Tales) considera que o primeiro elemento é o ar, a partir do qual tudo se produz por sua condensação ou rarefação.
O que podemos apreender dos primeiros filósofos?
Os primeiros filósofos tentam explicar a passagem do Caos (desordem) ao Cosmos (ordem) e embora sejam ainda devedores do mito, há uma verdadeira ruptura com o modelo mítico.
O pensamento racional liberta-se do mito com os pré-socráticos porque buscam um princípio racional (capaz de ser entendido a partir da razão) para abarcar a totalidade das coisas. A explicação não é mais transcendental, já que procuram compreender o mundo por elementos imanentes ao próprio mundo, ou seja, procuram compreender a origem por elementos que pertencem à própria natureza.
História do pensamento da antiguidade
Com a mudança que levou à passagem da crença mítica ao saber filosófico, começa a história do pensamento na Antiguidade. Podemos dividir essa história em três grandes etapas ou fases:
1ª etapa – constituída pelos pré-socráticos, que vai até Sócrates, os gregos procuram uma explicação para o devir, isto é, uma explicação para o fato de que as coisas surgem do nada para retornar a ele. Alguns filósofos pré-socráticos irão defender que há realmente esse devir, essa constante mudança; outros defenderão o contrário, de que na verdade não existe essa mudança, que tudo esconde um fundo imutável, sem possibilidade de modificação.
2ª Fase do pensamento antigo – a fase da metafísica, caracterizada pelo pensamento de Platão e Aristóteles, busca-se conciliar a experiência do devir com a exigência racional de que, por trás de todas as mudanças, existe um fundamento imutável das coisas.
Por fim, a 3ª e última fase do pensamento filosófico da Antiguidade é configurada pelo advento do cristianismo, de certa forma um retorno ao mito, uma vez que é baseada na fé.



















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